A decisão da Prefeitura de Teutônia de encerrar o convênio com o Pronto Atendimento Médico PA+ e alterar a estrutura de atendimento à saúde no município gerou indignação e preocupação entre a comunidade local. Moradores já relatam estarem desassistidos em caso de queixas momentâneas, classificados como fichas azuis e ou verdes, principalmente nos fins de semana e durante a madrugada.

O PA+ prestava atendimento médico 24 horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriados, com equipe completa formada por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, recepcionistas e higienizadores, além de estrutura física preparada para acolher pacientes a qualquer momento. Desde a assinatura do contrato, em 3 de junho de 2024, foram mais de 28 mil atendimentos gratuitos realizados para a população por meio do convênio com a Prefeitura — média de 2.400 por mês —, volume que evidencia a importância do serviço para a população teutoniense.

No final da tarde da última terça-feira (4), o PA+ anunciou oficialmente o fim do convênio. Desde então, o serviço passou a atender somente de forma particular. De acordo com o diretor-proprietário da unidade, Agnaldo Machado, a decisão partiu da administração municipal, que alegou necessidade de corte de gastos. “Tentamos negociar, mas não foi aceito. Temos um gasto operacional que precisa ser suprido”, afirmou Machado, ressaltando que todo o atendimento prestado durante o período do contrato está documentado.

Economia real ou perda de qualidade?

Em entrevista coletiva, representantes da Prefeitura justificaram o encerramento do contrato pelo suposto alto custo mensal, superior a R$ 500 mil. A informação, no entanto, é contestada por Agnaldo Machado, que apresentou relatórios oficiais indicando um repasse médio mensal de R$ 460 mil, valor que englobava dois serviços distintos: cerca de R$ 120 mil para a disponibilização de médicos nos postos de saúde e R$ 340 mil para o pronto atendimento 24 horas do PA+.

A mudança promovida pela atual administração não resultou em uma economia proporcional. O valor de aproximadamente R$ 120 mil mensais foi transferido para o Consórcio Intermunicipal de Saúde (CONSISA), que passou a gerenciar os profissionais da atenção básica. Já o novo modelo de atendimento, implantado no Centro de Atendimento à Saúde (CAS), no Bairro Canabarro, funciona de segunda a sexta-feira, das 17h às 22h, com custo estimado superior a R$ 200 mil mensais. Ou seja, o custo total da saúde municipal permanece em torno de R$ 320 mil, sem oferecer o mesmo nível de cobertura — o atendimento 24 horas e nos fins de semana foi suprimido.

O cenário gerou indignação na comunidade. A cabeleireira Joice Klein lamentou o fim do convênio: “É uma notícia muito triste para a comunidade, pois o atendimento era excelente e os profissionais estavam 24 horas à disposição da população”, afirmou.

Para a moradora Juçara Bonmann, o PA+ fazia a diferença nos momentos mais difíceis. “É uma pena que isso tenha acontecido, pois muitas vezes foi nossa salvação nas noites e madrugadas. Evitava da gente ter que correr pro hospital e ficar horas aguardando ser atendido. E o atendimento do PA sempre foi bom também, não tenho o que reclamar”, relatou.

O próprio diretor do PA+, Agnaldo Machado, reforçou a relevância do serviço. “O PA+ foi fundamental para garantir um atendimento rápido e de qualidade à população. “É um serviço que fez a diferença para muitas famílias de Teutônia”, destacou.

Reclamações e temor pela saúde pública

Além do corte no atendimento 24 horas, moradores relatam insatisfação com a demora para realização de exames e outros procedimentos básicos na rede pública. A moradora Glacy Silva desabafou: “A saúde em Teutônia está uma vergonha. É pena, quem sofre com isso é quem menos tem. Se depender do SUS, morre na fila. Estou esperando exame de sangue há cinco meses”, contou.

O morador Valderez Poncio também criticou a medida da administração municipal. “Lamentável fazer isso com a população. Vergonha, descaso com seus munícipes”, disse.

A polêmica chegou à Câmara de Vereadores, onde parlamentares da base governista defenderam a decisão do Executivo, alegando que o valor repassado pelo município ao PA+ estaria acima do adequado. A afirmação foi prontamente rebatida por Agnaldo Machado, responsável pela gestão do serviço, que promete recorrer à Justiça.

“Não se entrega serviço de saúde 24 horas com qualidade, segurança e eficiência com R$ 230 mil por mês”, declarou.

População desassistida

Desde a suspensão do convênio, cerca de 100 pessoas deixam de ser atendidas por dia no PA+ e estão sendo redirecionadas para a atenção primária do município. O temor da população é que, sem um serviço de pronto atendimento funcionando em tempo integral, a comunidade possa ficar mal assistida, colocando em risco a saúde e a vida dos moradores — especialmente daqueles que não têm condições de arcar com atendimentos particulares.

Enquanto a Prefeitura aposta no modelo do CAS com horário reduzido, o debate sobre a gestão da saúde pública em Teutônia segue aberto. A pergunta que ecoa entre os moradores é: houve realmente economia ou o custo social dessa decisão será alto demais?

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